histórico    

O SUINO NA MEDICINA
Desde os primórdios da Medicina, as mais diferentes espécies de animais vertebrados e invertebrados têm sido utilizadas como objeto de experimentação. Essa prática continua sendo largamente empregada com o intuito de desenvolver métodos e técnicas que possam gerar instrumentos de "cura" ou alívio para os males que acometem o homem e outros animais.

Dentre as várias espécies utilizadas em experimentação biomédica destaca-se o porco (Sus escropha). O uso do suíno em pesquisas científicas é uma prática antiga. Em 1540, Versalius, em sua famosa obra De Humani Corporis Fabrica, com o objetivo de descrever os mecanismos que regem o corpo humano; desenhou um porco sendo utilizado em experimentação da maneira como o médico grego Galeno o fizera mais de mil anos antes.

Em 1628, Willian Havey que descreveu os mecanismos que regem a circulação sangüínea, também utilizou o suíno como animal de experimentação para melhor compreender a fisiologia humana. Esses estudos embasaram, 250 anos depois, as normas da medicina experimental criadas por Claude Bernard e que regem os procedimentos experimentais em biologia e medicina de nossos dias.

O PORCO E O MICROPORCO NA EXPERIMENTAÇÃO ANIMAL
Estão hoje amplamente estabelecidas na literatura as semelhanças entre a anatomia, fisiologia e fisiopatologia do suíno e do homem. Essas semelhanças são muito mais distantes quando a fisiologia do homem é comparada a do cão, rato, camundongo e outras espécies utilizadas em experimentação. Em que pesem essas evidências, bem como aquelas que mostram a utilização de suínos de longa data na experimentação animal, o uso desta espécie como modelo experimental pela comunidade científica foi acanhado até os anos 70.

A restrição do uso de suínos se prendeu à elevada capacidade de conversão alimentar com conseqüente ganho de peso desses animais. Nos dias atuais, onde o suíno foi transformado em verdadeira "fábrica" de conversão alimentar e conseqüente crescimento acelerado, após seis meses de vida pode atingir o peso de 140 quilos. Essas características fisiológicas da espécie, limitam o planejamento de experimentos em longo prazo. Por essa razão, suínos com essas características são utilizados em experimentos agudos ou de curta duração. Ainda, a utilização de animais muito jovens (leitões desmamados) induz a resultados não comparáveis com a fisiologia de humanos adultos.

O MICROPORCO
As limitações, devido ao tamanho do porco em idade adulta, levaram cientistas a desenvolver colônias de suínos com dimensões compatíveis com a utilização dos mesmos em laboratório, facilitando assim o emprego destes animais como modelo de experimentação em diversas áreas de pesquisa biomédica. Esses animais foram denominados de miniporcos (minipigs) ou, dependendo das dimensões dos mesmos, suínos miniatura (miniature pigs).

O estudo programado para o desenvolvimento de uma população de suínos miniatura, iniciou-se no Instituto Homel da Universidade de Minnesota, em 1949. Resultados apresentados em 1965 e estudos nos 20 anos subseqüentes substanciaram os objetivos de se produzir um animal de tamanho reduzido, anatômica e fisiologicamente normal. Publicações recentes indicam que a seleção genética para um tamanho reduzido continua em várias linhagens de suíno miniatura, incluindo o suíno Kangaroo Island do Sul da Austrália, o Minnesota, o Yucatan originário do sul do Mexico, o Goettingen (ellegaard@minipigs.dk) produzido na Dinamarca e mais recentemente, a linhagem Sinclair (http://www.sinclairresearch. com/biotech.htm

É importante salientar que o plano de desenvolvimento do minipig foi feito para produzir animais que, mesmo em idade adulta, sejam suficientemente pequenos para permitir sua utilização como animal de laboratório em pesquisas biomédicas.
Os objetivos do desenvolvimento inicial determinaram o valor do suíno miniatura em duas categorias de tamanho, uma delas seria atingir um peso semelhante à média de peso do homem adulto (70 a 80 kg) e outra de se conseguir um tamanho menor sem haver prejuízo dos aspectos fisiológicos e anatômicos normais na sua similaridade com o homem. Em 1981, a seleção genética para um reduzido tamanho, propiciou a obtenção de animais de 2 anos de idade com peso de 59,1 ± 5,2 kg para o macho e 50,8 ± 7,1 kg para fêmea . Na Universidade de Taiwan, a seleção intensiva produziu um animal com 12 meses com peso de 30,3 ± 2,6 kg.